sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O silêncio piedoso

Que não seja a luz dias desses
O norte entre os olhos que me vêem
Os sangues meus… meus são em dias que não esses
Correndo em veias do desamor que as bocas têm

Resta-me a mordaça
O silêncio piedoso entre os lábios
Restam-me mais… mais, que não só a raça
Silenciosa que me impera, mas a dos sábios

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Soneto Perfeito

A perfeição me apavora
A alma perfeita é deserta
Dito isto, talvez eu seja o louco… não de agora
Ou sou o mais lúcido entre a humanidade mais esperta

Um vento que corre sem o que levar
Nem o nada… A perfeição é branda
Desanda tudo em que o louvar
Possa fazer o valor do tempo que anda

Possa fazer um momento valer um tempo
Como o abraço da imperfeição às vidas
Não as falhas fatais, mas as mais sentidas

A perfeição não faz a vida perfeita
Não é que dela sai a vida o sabor do desnorte?
E a vida sem erros é uma morte

sábado, 10 de agosto de 2013

Rasga o céu de Lisboa, a saudade

Rasga o céu de Lisboa, a saudade
Que seja negra ou azul do que veste
Suporta o peso, ó cidade lusitana! Da dor que deste
A este servo dentre tanta humanidade!

Giras, ó tempo, em voltas estúpidas
Mortas e retardadas, levas tudo e nada volta
Em movimento ilusório da evolução que me escolta
Quando varres as minhas nobres lembranças vividas

Quando lágrimas caminham vivas
Pelos mortos tempos sentimentais
Pelas dores saltitantes que voltam jamais
Crivadas pelas partes das almas mais primitivas

O claro que assoma em nada luz, senão o escuro

A noite brilhava para mim no escuro
O claro que assoma em nada luz, senão o escuro
Do que vi mais belo entre toda a escuridão
Que belo é nem sempre, não sendo a parda noite aquela.
Em cada escuro alterna o brilho a muitas voltas
E as voltas que eu virava, o brilho estava a cada canto
Até o mais negro céu, que vi jamais, brilhava desprovido dos astros
- Afinal eram os teus olhos
As luas da minha noite mais parda
Os astros que faltavam à esfera celeste da minha vida
Que a noite rende à sua escuridão mais assombrosa
Perante a divindade da luz brilhante dos olhos da minha paz
- Eram os teus olhos
Os faróis dos meus passos tortos e sós
- Afinal, eram os teus olhos
A companhia que freia as minhas noites mais turbulentas
Que ilumina o amor que largo ao vento pelos tortos caminhos
Queimando as mãos erradas que o acolhe
- Eram os teus olhos
Os laços que prendem qualquer noite que me assombra

domingo, 4 de agosto de 2013

Quando perceber a minha alma, serei feliz

Quando perceber a minha alma, serei feliz
Não sei se faço tudo para o perceber, talvez nem fiz
Ou só quis saber, quando num sonho me vejo morrer
Mas por onde andou a minha alma, para que eu morra sem saber?!

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Não devolva as dores que não minhas

As tuas mãos adeus me deu que não o tempo
Será mesmo o que seria…?
O tempo nos diz o que será… não nos faz viver o que seria
Diz que as maiores dores são as dores não vividas
E foste… levando às costas contra o tempo
Todas as dores que reuni para viver

Creio que voltar irás…
Trazendo os laços das dores que enlacei,
Sejam quantas forem os nozes que dei
Hei eu de os saber desatar
E libertar as dores que quero abraçar.

Não devolva as dores que não as minhas
Não o desamor que não dei, nem as fiz
Enquanto do teu amor aprendiz
Traz-me os laços daquelas dores
Aromado às rosas dos amores

Traz meu sossego, que entre as dores foi
Quero-o nos meus braços como nunca
O tempo jamais me faria viver o que seria
Traz as minhas dores pra que ele me diga ou dirá
O que foi ou será